A inquietude na juventude existe para todos, o que diferencia um ser do outro nessa fase da vida é como cada um lida com as suas aflições e para onde as canaliza. Jovem, Guilherme Silva Araujo, advogado, empresário e professor, com apenas 28 anos de idade, usa a sua inquietude para fazer a diferença por onde passa. Guilherme Silva Araujo tem duas especializações, uma em Direito Processual Civil e outra em Ciências Criminais, além de ser mestrando em Direito pela Unesc.
Ainda na infância, Araujo desenvolveu o hábito pela leitura e assim descobriu o prazer pela informação, pela busca do conhecimento, o que só seria o ponta pé inicial para instigar o seu jeito inquieto. Ele conta que a leitura expandiu a habilidade para falar em público, produzir textos e comunicar-se de forma geral. No caminho entre a adolescência e a juventude, a tarefa de escolher uma profissão a seguir. “Com 15 anos de idade cheguei a prestar vestibular para Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina. Atingi a pontuação necessária para ingressar no curso através do percentual de cotas de Escola Pública, mas por falta de instrução deixei de preencher tal opção na hora da inscrição. Foi grande a decepção comigo mesmo pelo erro que me tirou da Universidade Federal. Alguns meses depois meu pai sugeriu o curso de Direito e então fiz o vestibular. Entrei meio sem querer”, comenta o advogado.
O Direito e a área criminal
Desde então, Araujo mergulhou no universo do Direito e ousa dizer que foi escolhido pela advocacia criminal. Ele reforça que além de buscar por aquilo que se sonha, é importante seguir os sinais que a vida dá. “A vida dá sinais a todo o tempo. Eu estagiei desde o quarto semestre da faculdade em um escritório que atuava em quase todas as áreas, menos a criminal. Mas, algo em mim gostava da área criminal e fora do escritório eu acompanhava congressos e palestras, além de seguir referências como o juiz catarinense Alexandre Morais da Rosa, os advogados Aury Lopes Jr., Jader Marques, Ércio Quaresma, Cláudio Gastão da Rosa, dentre outros”. Ainda nesse escritório, já formado, um importante cliente empresarial precisou de um advogado criminal e então ele pôde atuar no seu primeiro caso na área. “Eu senti que era a hora, a advocacia criminal estava vindo até mim. Assumimos a defesa, elaborei um habeas corpus e obtivemos o trancamento do processo no TJSC. Foi meu primeiro caso criminal enquanto advogado”, comenta Araujo.
Em seguida uma sociedade entre amigos e colegas de profissão, resultaria no nascimento do escritório Araujo & Sandini, hoje com unidades em Garopaba e Florianópolis, e mais dois escritórios em fase de abertura nas cidades de Imbituba e Tubarão, em Santa Catarina. “Nosso primeiro caso de grande repercussão não demorou a chegar. Um menino indígena havia sido morto em frente à Rodoviária de Imbituba/SC por um golpe de estilete. A mídia só falava nesse caso. Estávamos ainda montando o escritório e fomos contratados para defender o homem acusado. Todo o processo e o Júri tiveram cobertura da imprensa e felizmente minha atuação foi bastante elogiada por toda a dificuldade que envolvia o caso, o que me deu logo uma boa projeção como criminalista”.
De lá pra cá, o jovem Guilherme ganhara destaque como advogado, professor e presidente de uma das comissões mais importantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santa Catarina, estando a frente da Comissão de Assuntos Prisionais da instituição.
Mesmo tão jovem, como é ter sido escolhido para presidir uma das comissões mais atuantes da OAB/SC?
Araujo: Quando recebi a ligação do gabinete do presidente da OAB/SC Rafael Horn me informando da escolha dele e me chamando para a posse, fui tomado de surpresa e alegria. Eu havia manifestado para amigos a minha vontade de ser presidente, mas sabia da dificuldade porque era uma posição almejada por muitos advogados criminalistas, com muito mais tempo de estrada que eu. Acredito ser o Presidente mais novo das cerca de 100 comissões. É um grande desafio presidir um grupo com cerca de 70 qualificadíssimos advogados e advogadas, especialmente em um momento de necessário debate sobre os rumos que as políticas de aprisionamento tomam no Brasil, que ocupa hoje a 3ª posição no ranking de populações prisionais no mundo.
O que a advocacia, o poder de deter de informação para fazer justiça, significa para a sua vida?
Araujo: Significa independência e liberdade. A advocacia é uma profissão que me permite ser o que eu realmente sou, não me sujeitando a pensamentos institucionais. Sendo advogado eu posso postular em juízo aquilo que acredito e defender ideias que fazem sentido para mim. A advocacia, sobretudo a criminal, têm um papel essencial de controle à atividade punitiva do Estado. Não se trata de buscar impunidade, mas de colocar freios ao aparelho repressivo estatal, sujeitando-o a controle legal e constitucional.
Como você faz para conciliar o empreendedorismo, a carreira de advogado com dois escritórios e centenas de casos, a OAB, ministrar aulas, cursos, palestras, alimentar constantemente suas redes sociais com conteúdo e ainda dar atenção aos seguidores?
Araujo: É preciso gostar muito do que se faz e dormir pouco (risos). Tanto no escritório quanto na Comissão da OAB tenho equipes maravilhosas que me permitem ocupar uma posição de gestão e delegar funções. Isso possibilita ter mais tempo para preparar aulas e lecionar, bem como ministrar cursos e palestras. Tanto na Comissão quanto no escritório procuro ter pessoas de confiança e que desempenham funções bem definidas em um processo coordenado e organizado.
É notória a sua presença nos meios digitais e a influência que você tem sobre os outros advogados e estudantes de Direito, como que isso aconteceu?
Araujo: Eu sempre fui adepto a compartilhar os meus conteúdos e dividir experiências nas redes sociais. Pela constância e pelo valor desses conteúdos fui me tornando referência para jovens advogados e estudantes de Direito. Foi através da presença digital que o meu nome foi sendo conhecido em outras regiões do país, e os convites para palestras e mentorias foram surgindo.
E sobre a oportunidade de lecionar, compartilhar o conhecimento com jovens estudantes, o que isso significa pra você?
Araujo: É muito satisfatório poder participar da formação jurídica de estudantes de graduação, pós-graduação, cursos e mentorias. Me motiva muito, especialmente por também ser jovem e conseguir estabelecer uma comunicação com a mesma linguagem, o que facilita o processo ensino-aprendizagem. Procuro ser mais do que um entregador de conteúdo, mas proporcionar reflexões.
Atualmente, o Araujo empreendedor quer expandir para quais lugares? O que almeja como empresário?
Araujo: Meu objetivo é levar o escritório Araujo & Sandini para o centro do País. Temos planos de nos estabelecermos com uma unidade em São Paulo. Tudo acontece lá e com a advocacia não é diferente.
Quando recebe um novo cliente, o que você preza nessa relação?
Araujo: Confiança! Quando o cliente conhece o advogado que está contratando e confia nos seus serviços, tudo flui melhor. O melhor cliente é o que chega até nós com referências, conhecendo nossa história e a nossa forma de trabalhar. Uma das piores coisas para um advogado é ter que no meio do processo mostrar seu valor ao cliente. Isso suga energia, gera ações precipitadas e uma relação instável, cheia de atritos.
Em relação ao Direito de forma geral, como você vê o acesso das pessoas aos seus direitos?
Araujo: O Brasil peca muito no que diz respeito ao acesso à justiça, especialmente das pessoas mais vulneráveis. Nosso judiciário, apesar do grande esforço dos servidores e magistrados está completamente sobrecarregado, especialmente em razão de uma cultura do litígio que se formou nas últimas décadas. As pessoas se processam por qualquer coisa, e isso faz com que causas realmente importantes tramitem lentamente por anos, fazendo muitas vezes que direitos fundamentais pereçam.
Diante do convívio com tantos jovens no meio acadêmico, vendo a juventude e sua inquietude, o que você aconselha? Aquele conselho que você gostaria de ter recebido no início ou que recebeu e repassa a eles.
Araujo: Estabeleça metas muito claras, não pare até conseguir e aproveite o trajeto. Vejo muita gente perdida, entregando seu destino à sorte, não assumindo as rédeas da própria vida. Uma meta só é alcançada se é visualizada de forma muito nítida. Alguns percalços irão ocorrer, mas se a meta está bem desenhada, você vai superá-los. Não esqueça de aproveitar o trajeto, ou seja, viver, conhecer pessoas, se divertir, contemplar, descansar.
O que o Guilherme gosta de fazer quando não está lecionando ou advogando?
Araujo: Eu aproveito muito a vida. Sou viciado em trabalho, mas não sou escravo dele. O meu trabalho serve para que eu possa ter condições de viver e aproveitar a vida, se não, não tem sentido nenhum trabalhar tanto. Eu gosto de viajar, de ir à praia, ver filmes, séries, ler coisas não jurídicas, estar com os amigos, conhecer restaurantes, pessoas, ouvir música. Enfim, acho que tudo o que um jovem de 28 anos gosta de fazer.