Com a troca de gerações, mercado imobiliário cresce e apresenta novas tendências em cidades médias dos centros agrícolas
O crescimento do agronegócio, um dos motores da economia brasileira, tem influenciado também a geografia social e urbana do país. Com previsão de crescimento de até 7,4% em 2025, totalizando uma receita de R$ 1,43 trilhão, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do setor tem estimulado o crescimento de cidades médias próximas a grandes centros agrícolas.
Enquanto em anos anteriores houve grande tendência do investimento do dinheiro do agro em imóveis nas regiões urbanas e litorâneas, uma nova demanda por infraestrutura, moradia e espaços comerciais abre o caminho para novos empreendimentos imobiliários em regiões fora dos grandes centros.
O Censo 2022 aponta que a faixa de municípios com menos de 500 mil habitantes cresceu, em média, 10,95% desde 2010. Fatores como trabalho, qualidade de vida, desenvolvimento econômico e segurança estão entre as causas, apontam especialistas.
Ao mesmo tempo, no Mercado de Médio e Alto Padrão (MAP), houve um aumento de 3,8% no volume de vendas e de 23,7% no total comercializado, segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC).
Sem ostentaçãoEssa realidade se aplica diretamente aos empresários do agronegócio. Se antes ‘luxo’ e ‘ostentação’ eram as maneiras de demonstrar a nova riqueza adquirida com os negócios do campo, hoje as novas gerações têm outro nível cultural e outras exigências.
Segundo o The Wealth Report 2024, estudo global que avalia as tendências de riqueza e investimentos ao redor do mundo, além de privacidade e segurança, os ricos estão cada vez mais atentos à sustentabilidade, propriedades que ofereçam eficiência energética e integração com o meio ambiente.
“Hoje, as pessoas têm procurado além do tradicional. Os empreendimentos precisam ser muito bem pensados e entregar sustentabilidade e áreas de lazer que surpreendam, por exemplo”, afirma Carlos Eduardo Dalben, dono da Mundial MT Lançamentos, empresa que trabalha com a venda de imóveis de médio e alto padrão no norte do Mato Grosso.
Novos compradores, nova mentalidade
“A busca por conforto e bem-estar, aliados à preocupação com a sustentabilidade, são a nova tendência desse mercado. Hoje, nossos clientes se preocupam com o padrão do imóvel, mas também se importam com o planeta e querem ter experiências no local onde vivem”, explica Filipe Pitz, fundador e CEO da PZ Empreendimentos.
Depois de mostrar sua capacidade de operação com empreendimentos na região de Balneário Camboriú (SC), o metro quadrado mais caro do Brasil, a PZ identificou essa nova tendência e está investindo R$ 645 milhões em empreendimentos sustentáveis em Sinop, polo do agronegócio no norte do Mato Grosso.Conhecida como a ‘Capital do Nortão’, o município é a 4° maior economia e um polo do agronegócio no Estado. Sua população do município cresceu 162% desde o ano 2000, chegando a 196 mil pessoas no Censo de 2022.
E a economia local mostra sinais de aquecimento: segundo uma projeção do Banco do Brasil, o Mato Grosso terá o segundo maior crescimento do país em 2025, com avanço de 4,1%.
Com a mudança do dinheiro para as mãos de novas gerações e o crescimento do agronegócio, faz cada vez mais sentido ter imóveis no interior e nas regiões metropolitanas, lugares mais tranquilos e mais seguros.
“Embora imóveis de luxo em lugares como Balneário Camboriú ainda estejam em alta, cada vez mais recebemos clientes que buscam qualidade de vida, exclusividade e conforto nos lugares em que nasceram ou têm negócios. A grande procura pelo nosso empreendimento em Sinop, que alia isso tudo, é a prova de que há novos interesses no mercado”, argumenta Pitz.
Tudo em um só lugar
O empresário se refere ao Parque Sinop, empreendimento multiuso sustentável de 67 mil m² de área construída, com 6 mil metros de área de lazer, que concilia moradia, trabalho e lazer em um único local e já está em construção na cidade do norte do Mato Grosso.Cada um dos mais de 400 apartamentos terá um sistema de automação de gestão total, e seus moradores contarão com mais de 60 opções de lazer como spas, sauna, quadras e estúdios e yoga, além da gestão de resíduos, infraestrutura para veículos elétricos, reutilização da água da chuva, placas fotovoltaicas e arquitetura no conceito biofílico – a integração de elementos naturais com o edifício para otimizar a circulação de ar, a iluminação natural e o bem-estar.
O local também terá um PZ Ecomall – ao modelo do empreendimento com selo LEED de sustentabilidade que a construtora entregou em Balneário Camboriú –, com mais de 50 lojas diversas, e um restaurante ‘rooftop’ a 30 metros de altura com vista para a cidade.

Investimento
Além de oferecer qualidade de vida, esse tipo de imóvel também tem demonstrado ser um ótimo investimento. De acordo com o Green Building Council Brasil, imóveis com certificação sustentável apresentam uma valorização média de 18% e têm uma velocidade de vendas 30% superior à de imóveis tradicionais.
A percepção das pessoas em relação à natureza mudou com a pandemia, e a proximidade e o contato com elementos naturais se tornaram um valor agregado para qualquer tipo de produto imobiliário.
Além disso, a multifuncionalidade e praticidade dos empreendimentos de uso misto (mixed-use) miram o futuro das cidades, de acordo com especialistas. Diminuição do uso de automóveis, aumento da segurança, economia compartilhada, maior fruição pública e acessibilidade são algumas das vantagens além de serem ótimos investimentos.
“O aumento da procura está diretamente ligada a produtos bem elaborados, que oferecem convivência, atendem suas necessidades e melhoram suas vidas. E a valorização desses imóveis, especialmente nessas novas áreas de demanda, é garantida”, resume Dalben.
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