Embora venha ganhando popularidade ao redor do mundo, o highline, variação do slackline praticada nas alturas, ainda não faz parte dos Jogos Olímpicos. Um dos principais atletas da modalidade, o catarinense Rafael Bridi diz que há vários fatores que explicam essa ausência, como a falta de reconhecimento do highline como esporte oficial.
"Apesar de termos uma comunidade crescente e competições internacionais, o highline ainda é visto por muitos como uma atividade recreativa, e não como um esporte estruturado", afirma. A única participação do highline nas Olimpíadas 2024 foi na cerimônia de abertura, no dia 26 de julho, com uma performance do francês Nathan Paulin, recordista mundial da modalidade, durante a travessia dos atletas no Rio Sena, próximo da Torre Eiffel.
Outro ponto levantado por Bridi é a complexidade logística envolvida na organização de eventos. "Realizar uma competição de highline requer locais específicos com características de segurança e infraestrutura muito distintas, o que dificulta a padronização necessária para um evento olímpico", explica o atleta, que já registrou seu nome no Guinness Book duas vezes: a primeira foi em 2020, com a maior travessia de highline, 261 metros, dentro de um dos vulcões mais ativos no mundo, no Monte Yasur, na ilha de Tanna, em Vanuatu. A segunda vez, em 2021, foi na cidade de Praia Grande (SC), com o highline mais alto do mundo em relação ao solo – Bridi fez a travessia entre dois balões no ar, a 1.901 metros do chão.
A inclusão de novos esportes nas Olimpíadas depende de vários critérios estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Entre eles, a popularidade global, a praticabilidade em termos de infraestrutura e o apelo ao público. "Embora o highline esteja crescendo, ainda não atingimos o nível de popularidade mundial necessário para atender aos critérios do COI", diz Bridi.

Ele também menciona o aspecto de inovação. "O highline é um esporte novo em comparação com outras modalidades já consolidadas nas Olimpíadas. Acredito que com o tempo e com o aumento da visibilidade e do reconhecimento, há chance de fazer parte dos Jogos futuramente", observa o recordista.
O que é o highline?
O highline é uma prática derivada do slackline, onde atletas caminham sobre uma fita feita majoritariamente de nylon e poliéster, esticada entre dois pontos, geralmente em locais elevados como cânions, montanhas, prédios ou pontes. A fita, que é mais estreita e instável que as usadas no slackline tradicional/iniciante, desafia os atletas a manterem o equilíbrio enquanto enfrentam a altura e as condições climáticas.
Como um esporte se torna olímpico?
O primeiro passo para um esporte ser reconhecido nas Olimpíadas é ser verificado pelo COI. Além disso, deve ser organizado e regulado por uma Federação Esportiva Internacional, que seja reconhecida pelo Comitê Olímpico. Os demais requisitos são:
Popularidade global: o esporte deve ser amplamente praticado em diversos países, com presença significativa em todos os continentes.
Regras, regulamentos e ensino: deve ter regras padronizadas e internacionalmente reconhecidas, com regulamentos claros para competições e para a segurança dos atletas. Além do horizonte de ensino, formando novos praticantes e fomentando profissionais do ensino.
Histórico de competições: deve ter um histórico de competições internacionais regulares e organizadas.
Valores olímpicos: o esporte deve promover os valores olímpicos, como amizade, respeito e excelência. Deve ser inclusivo e promover a igualdade de gênero.
Infraestrutura e logística: deve ser praticável em termos de infraestrutura existente ou facilmente adaptável.
Atualmente, o Brasil conta com representantes nas seguintes modalidades olímpicas: atletismo, natação, vôlei e vôlei de praia, futebol, judô, ginástica artística, tênis, skate, surfe, handebol, tiro com arco, boxe, canoagem, remo, rugby sevens, taekwondo, ciclismo (BMX e mountain bike) e triathlon.
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