Dia Mundial do Turismo e a agenda brasileira para o setor na COP30
- Atré Comunicação
- há 6 dias
- 5 min de leitura
Celebração global acontece às vésperas da COP30, em Belém, e coloca o Brasil no centro do debate sobre turismo e clima
O Dia Mundial do Turismo deste ano terá um significado importante para o Brasil, que sedia a 30ª edição da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) em novembro, em Belém do Pará. Registrando recordes de turistas internacionais e de visitantes em parques nacionais, o país terá a oportunidade de pautar a preservação ambiental, a qualificação do setor, a valorização cultural e o turismo de base comunitária como ferramentas de desenvolvimento econômico.
O evento vai reunir líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil em plena Amazônia, no coração da maior floresta tropical do planeta e símbolo tanto de esperança quanto de urgência climática. É nesse contexto que o turismo será discutido, na agenda do primeiro dia do evento, como atividade com enorme potencial para contribuir com sustentabilidade econômica, social e ambiental.“A COP30 é a nossa chance de transformar definitivamente o setor, garantindo que ele seja um pilar de crescimento econômico de forma sustentável. Não podemos perder essa oportunidade”, afirmou no dia 18 de setembro o Ministro do Turismo, Celso Sabino, em carta aberta que conclama a cooperação da ONU Turismo para a ampliar a representatividade dos países-membros no evento.
A pasta federal vem realizando ações nesse sentido, como o evento “Diálogos para COP30”, realizado no dia 19 de setembro em Santarém, no Pará, para discutir como programas federais podem fortalecer destinos turísticos, preservar a cultura local e preparar o Brasil para a conferência.
Turismo como pauta estratégica
Apesar das ações, especialistas demonstram preocupação com o nível de preparação do governo federal para o debate. No início do mês, durante a palestra que abriu Abeta Summit 2025, o maior congresso de ecoturismo e turismo de aventura do país, a pesquisadora do Laboratório de Estudos em Turismo e Sustentabilidade e doutoranda no Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, Jaqueline Gil, levantou importantes questões sobre o papel do país no atual momento.
“A influência e a experiência do Brasil poderão acelerar as tratativas de integração das políticas de turismo às climáticas. Definir as diretrizes para a adaptação do turismo às prescrições climáticas, às metas, aos indicativos de governabilidade e, principalmente, o acesso a recursos financeiros, científicos e tecnológicos pode estar em jogo. Para isso, no entanto, é necessário uma estratégia e um plano de ação liderados pelo governo, em parceria com a ONU e com apoio das lideranças da sociedade civil e da academia, do Brasil e dos principais negociadores climáticos e representantes setoriais”, afirma Gil.
A pesquisadora, que estará presente na COP30, participou do primeiro dia dedicado ao Turismo na história do congresso mundial, realizado durante a COP29 em Baku, no Azerbaijão, no ano passado. Ela foi convidada pela ONU Turismo. Naquele evento, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresentou a segunda Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês) do país, em que a nação inclui a obrigatoriedade do turismo de construir planos de mitigação e adaptação para cumprir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. O Brasil indicou que reduzirá entre 59% e 67% suas emissões até 2035 - e o setor entra nesta conta.
Sustentabilidade
Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), a previsão é que a área movimente US$167,6 bilhões no Brasil em 2025, o equivalente a 7,7% do PIB nacional, sustentando 8,2 milhões de empregos. Segundo a estimativa, esse número pode chegar a US$ 199 bilhões no final da década.
“As pesquisas indicam que há uma demanda crescente de viajantes por práticas sustentáveis, e a busca por experiências que respeitem as culturas locais e contribuam para o bem-estar das populações anfitriãs”, explica o diretor-executivo da Abeta - Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, Luiz Del Vigna. “O momento é chave para planejarmos o turismo brasileiro como referência de impacto positivo, e utilizar a nossa biodiversidade e sua preservação como ativo estratégico para o futuro”.
Ele cita o fortalecimento do turismo comunitário na Amazônia como exemplo. Na Ilha de Marajó, a Fazenda São Jerônimo, associada da Abeta, é um empreendimento familiar que trabalha desde o final dos anos 80 com resgate cultural, agroecologia e recuperação ambiental, e promove experiências únicas de ecoturismo no coração da Amazônia paraense.
Engajada à ideia de ciência cidadã e de ‘conhecer para conservar’, oferece os famosos passeios de búfalo, observação de pássaros e animais, passeios pelo mangue e a valorização do modo de vida marajoara, com a venda de produtos gastronômicos e de artesanato que promovem a valorização, conservação e geração de renda para a população local. A Fazenda é finalista do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2025, que reconhece iniciativas que fazem do turismo um agente de transformação.Outro case de sucesso de um associado Abeta na aplicação de práticas sustentáveis é o Parque Ecológico Rio Formoso, em Bonito, Mato Grosso do Sul, que em fevereiro tornou-se o primeiro atrativo turístico do Brasil com o certificado Lixo Zero. Com a ajuda de uma consultoria, treinamento da equipe e implantação da infraestrutura adequada, o empreendimento destina mais de 90% dos resíduos gerados para reutilização, reciclagem ou compostagem, evitando aterros sanitários e incineração.
“A gestão de resíduos deixou de ser um desafio para nós e se tornou uma ferramenta de educação, inclusão e transformação. Essa conquista passou a inspirar outros destinos turísticos pelo Brasil e hoje participamos ativamente de congressos, eventos e seminários sobre turismo sustentável e economia circular”, explica Bruno Leite Miranda, proprietário do Parque.
Del Vigna enxerga a COP30 como uma chance única de mostrar ao mundo que a conservação e o turismo podem caminhar juntos como motores de transformação. “Precisamos ir além da atração de turistas e garantir que cada experiência seja segura, gere impacto positivo, preserve culturas, fortaleça comunidades e deixe um legado real”.
Sobre a Abeta
Criada em 2004, a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) é uma organização sem fins lucrativos que reúne empresas e profissionais comprometidos com a prática sustentável de atividades ao ar livre. Atualmente, são 116 empresas com sedes em 20 Estados e no Distrito Federal e que fortalecem o mercado de turismo, ecoturismo e turismo de aventura. Dentro do seu escopo de atuação, a Abeta possui um calendário de eventos e projetos, tornando-se referência nacional em capacitação, qualificação e treinamento no segmento. Dentre os destaques quando o assunto são encontros voltados aos profissionais do setor estão o Abeta Conecta e o Abeta Summit, que a cada ano ocorrem em cidades diferentes, como forma de reforçar a riqueza natural do país para o turismo.
Atendimento à imprensa
Atré Comunicação Personalizada
Jerônimo Rubim | 48 98807-9203
Carla Lins | 48 98836-2774
Comentários