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Projeto Através do Vidro ressignifica o descarte de lixo em comunidades de São Paulo

Em sua 3ª edição, o projeto idealizado pela artista plástica Debora Muszkat deve beneficiar mais de 80 pessoas em Paraisópolis e Parelheiros e amenizar a crise econômica da pandemia


De acordo com o dicionário, lixo é tudo aquilo sem valor ou utilidade, qualquer coisa que se joga fora. Mas, para a artista plástica Debora Muszkat este não é um conceito muito adequado para todo tipo de vidro descartado ou que, momentaneamente perdeu sua utilidade. Ao longo de sua trajetória, a artista e arte-educadora, escolheu o vidro como principal matéria de trabalho e pesquisa e, aplicou isso ao projeto “Através do Vidro” que chega a sua terceira edição este ano.


O projeto é fruto da paixão da artista pela arte vítrea, associada à reciclagem, um outro tema que move seu trabalho: todas as suas obras são executadas com vidro de descarte doméstico e industrial. E é através do upcycling – técnica que propõe o reaproveitamento de objetos antigos ou descartados, para criar novos produtos, utilizando a criatividade e o respeito ao meio ambiente. Para a artista, este é um dos pontos mais importantes: a constante ressignificação dos resíduos sólidos por meio da arte e sustentabilidade.


Todo esse olhar especial sobre o vidro começou a ser compartilhado por Débora neste mês de julho, com a realização de oficinas educativas em Parelheiros e em Paraisópolis. As aulas e oficinas do projeto “Através do vidro” seguem até o mês de outubro. “Um dos destaques desta edição do “Através do Vidro” é a doação de dois fornos para a comunidade de Paraisópolis, em São Paulo. Com isso, os participantes poderão utilizar, depois da formação, a técnica adquirida da arte vítrea como trabalho e fonte de renda, produzindo e vendendo seus produtos”, celebra Debora.


Os participantes, ao longo do projeto, aprenderão a desenvolver processos de criação e produção de objetos artísticos, do design, e da arquitetura, por meio de oficinas com técnicas de manipulação de vidro a frio, altas e baixas temperaturas. Com a profissionalização dos participantes, a perspectiva é que cada participante, com auxílio do G10 Favelas, criado por Gilson Rodrigues, penetre neste mercado de trabalho, no qual a artista já está inserida desde os anos 2000. “O vidro está por todos os lugares em estado cortante, sujando a natureza e atrapalhando as pessoas, que recebem, em média, 15 centavos por quilo de vidro moído, e muitas vezes o fazem por necessidade de limpar o espaço”, justifica.

Este será o primeiro investimento junto ao G10 favelas no mercado. Vale destacar que o G10 é uma organização que leva o empreendedorismo às 10 maiores favelas do Brasil, e que, com este projeto, e junto de Debora, irão lançar no mercado este produto único e inovador. “Queremos cumprir a missão de democratizar o conhecimento da arte vítrea, promovendo valores e ampliando a cadeia produtiva. E, através do ensino, criar reflexos de uma sociedade sustentável por meio de um material, cujo valor virou inexistente, uma vez que não existe uma distribuição consciente e que possa dar o destino que honre aquilo que a natureza gratuitamente nos oferece, completa Debora.


O “Através do Vidro” foi viabilizado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura - ProAc SP (Programa de Ação Cultural de São Paulo), com patrocínio da O-I Illinois (Owens Illinos), e apoio do G10-Favelas e Divinal Vidros. Para participar do projeto “Através do Vidro” e seus workshops é necessário realizar inscrição através do site https://www.atravesdovidro.com.br


Passarela - Em abril deste ano, em uma ação inicial do projeto, a artista Debora Muszkat e Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas, colocaram em prática a ideia de transformar a favela em um espaço turístico, retirando o vidro da natureza e transformando em sustentabilidade. A iniciativa tem como referência o Parque Guell, em Barcelona, na Espanha, concebido por Antoni Gaudí, através de mosaicos de cerâmica, e a ilha de Murano, na Itália. Para isso, revestiram uma área de 600m2 com vidros que seriam descartados como “lixo”, transformando a passarela em um verdadeiro céu no chão de Paraisópolis.


Sobre Debora Muszkat- Debora é uma artista Multimídia: desenhista, pintora, faz uso de fotografia, vídeo e, desde 1984, se apropriou da reciclagem de vidro como um dos meios de sua expressão artística. Para Debora, arte e sustentabilidade são processos indissociáveis. E é para a importância sobre esta reflexão que ela chama atenção em suas obras. Já realizou exposições em vários países, como Inglaterra, Holanda, Alemanha e Itália, onde ganhou um prêmio na Bienal de Firenze, e na Dinamarca, onde divide, atualmente, moradia com o Brasil.

Nesta trajetória, Debora descobriu a possibilidade de extrair pigmentos de espelhos quebrados. Sabe aquela história de que quebrar espelhos dá sete anos de azar? Pois a artista transformou isso e através do uso de fornos especiais desenvolveu uma técnica para extrair pigmentos metalizados do branco ao magenta, formando cores do prateado a vários tons de dourado.


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